SELECÇÃO DA RDC CRITICA COMUNIDADE INTERNACIONAL

Com os gestos de “arma apontada à cabeça com a mão e boca tapada” durante o momento da entoação do hino nacional no jogo das meias-finais contra a Costa do Marfim, nesta quarta-feira, 7 de Fevereiro, os jogadores da República Democrática do Congo (RDC) protestaram contra o silêncio da Comunidade Internacional face às atrocidades causadas por milícias ligadas ao regime de Paul Kagame no Ruanda que têm devastado milhares de congoleses no Leste do país.

Por Geraldo José Letras

Para protestar contra o silêncio da Comunidade Internacional, incluindo da ONU (Organização das Nações Unidas), face às atrocidades das mais de 62 milícias activas na região leste da Republica Democrática do Congo (RDC) contra civis e instituições públicas do governo, os jogadores da Selecção Nacional de futebol da RDC, durante o momento da tradicional entoação do hino nacional antes do jogo diante da similar da Costa do Marfim, protagonizaram uma cena que despertou a opinião pública internacional. Os 11 jogadores em campo, incluindo suplentes e membros da equipa técnica da Selecção da RDC entoaram o hino nacional com o gesto de “arma apontada à cabeça e boca tapada com a mão”.

A região leste da RDC é fortemente perturbada pelo grupo rebelde M23 que desde 2020 recebe do Ruanda apoio do Presidente Paul Kagame, para promover instabilidade militar e explorar de forma ilegal minerais – coltão e ouro – no subsolo de Goma e Kivu do Norte.

A instabilidade militar na região leste, segundo relatórios do governo congolês, já causaram milhares de mortos e deslocados, entre mulheres e crianças que apresentam traumas, mutilação e sinais de abuso sexual.

O Ruanda é igualmente acusado pelo Burundi de promover instabilidade militar na região dos Grandes Lagos.

Através do seu Presidente da República, Évariste Ndayishimiye, o Burundi que tem vindo a alertar para o perigo de uma escalada de violência na região dos Grandes Lagos, suspendeu as relações com o Ruanda até que “Kigali mude este seu comportamento”, além de fechar as suas fronteiras para o Ruanda depois que em 20 de Dezembro de 2023, várias pessoas foram encontradas mortas junto à fronteira do seu país com a RDC.

Desde antes de 2020 está em curso uma operação regional de estabilização na região dos Grandes Lagos do qual Angola faz parte, sob supervisão da Administração norte-americana de Joe Biden, mas os resultados não se traduzem em eliminação das “forças negativas e o retorno da paz no leste da RDC”, lamentam os Bispos da ACEAC, organização das Conferências Episcopais do Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo que continuam a lançar forte apelo para o fim da guerra no leste da RDC.

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